terça-feira, 31 de março de 2009

AS MAROLAS
DO PASSADO

QUANDO EU CAMPEREAVA NA INVERNADA
RECULUTANDO A MATUNGADA
DAS ESTÂNCIAS DO MEU PAGO
ENTRONADO NO LUMBÍLIO
APEAVA NO BOLICHO DO ABILIO
PRA MOR DE TOMAR UM TRAGO

A CACHAÇA DE ALAMBIQUE
DEPOIS ARRIBAVA DE CAÍQUE
AS ÁGUAS CAUDALOSAS DO RIO
ATRAVESSANDO PRO OUTRO LADO
CANTANDO UM CHOTE LARGADO
E SAPECANDO UM ASSOBIU

COM UM MACHADO E O FACÃO
E O PALHERO DA SOLIDÃO
EU PENETRAVA NA BRENHA
LIMPANTO TOCO NA ROÇA
CATANDO GRAVETO E MADEIRA GROSSA
E RACHANDO LASCA DE LENHA

OS REMOS DA VELHA CHALANA
QUE PRA NAÇÃO ERMANA
IA VENCENDO MAROLA
CHIBIANDO BOLSAS DE FARINHA
DE BAIXO DAS BALAS DA MARINHA
E AO SOM DE UM TANGO DE PIAZZOLA

AGALOPITO NO MAS
O TEMPO FICOU LÁ A TRAZ
COM MEU AMIGO XANDICO
QUE HOJE DORME SOTERRADO
ESQUECIDO NO PASSADO
ENTRE AS RAÍZES DE UM VELHO ANJICO.

ESCRITO EM 23/03/2004 POR
VAINER DE ÁVILA

sábado, 14 de março de 2009

CHIMARRÃO NATIVO

NAS MANHÃS DE DOMINGO
EU ACENDO O MEU CACHIMBO
E PREPARO O CHIMARRÃO
PORQUE SEM ELE EU NÃO VIVO
LIGO NO CHIMARRÃO NATIVO
PARA OUVIR UMA CANÇÃO

SOU FELIZ E AFOITO
ME MANDO PRA NOVENTA E OITO
A RÁDIO DA SUA VIDA
SORVENDO O CHIMARRÃO QUENTE
VOU FALANDO NO REPENTE
PRA MINHA PLATEIA QUERIDA

SOU POETA E DECLAMADOR
VIREI APRESENTADOR
DE PROGRAMA NATIVISTA
SOU GAÚCHO MISSIONEIRO
MAS JÁ FUI INTÉ TROPEIRO
ESQUILADOR E CONTRABANDISTA

SÃOBORGENSE DE NASCIMENTO
ESCREVO VERSOS COM TALENTO
CAPONENSE ADOTIVO
CHIMARRÃO E CAFÉ COM BISCOITO
SE LIGUE NA NOVENTA E OITO
E OUÇA O CHIMARRÃO NATIVO.

ESCRITO EM 13/03/2009 POR
VAINER DE ÁVILA

quinta-feira, 12 de março de 2009

O LOUCO
E O POETA

VOU VIAJAR PELAS PLAGAS DO UNIVERSO
DIFUNDINDO O MEU VERSO
ENTRE UMA PEDRA E UMA FLOR
SEM MUITA LADAINHA
BEBENDO MINHA CERVEJINHA
QUERO ENCONTRAR O MEU AMOR

QUERO VER AS BAILARINAS NO PALCO
MINHA ALMA CHEIRA TALCO
JÁ DIZIA UM CERTO POETA
JÁ MONTEI CAVALO BAIO
HOJE SE MONTAR EU CAIO
ENTÃO COMPREI UMA BICICLETA

BOENAS POR AQUI ME ACHO
EU ME ESCAPO POR BAIXO
SE A BALA VIER PELA FRENTE
UM ATÉ BREVE E VOU ANDANDO
PORQUE A FILA NÃO PARA
CHEGA DE SOL FORTE NA CARA
E O PATRÃO TÁ ME CUIDANDO

SÓ MAIS UM POUQUITO
COMO É BOM ANDAR SOLITO
O PATRÃO QUE ESPERE UM POUCO
POIS A LUA AINDA É MINGUANTE
E EM CADA QUADRANTE
TEM UM POETA E UM LOUCO.

ESCRITO EM 11/03/2009 POR
VAINER DE ÁVILA

terça-feira, 10 de março de 2009

FILME DA
SAUDADE

EU NÃO SAIO DO RIO GRANDE
MAS NEM QUE ME MANDE
POIS AMO ESTA TERRA
NASCI LÁ NAS MISSÕES
EU TENHO MIL CORAÇÕES
E POR DEUS ABOMINO A GUERRA

EU VIM AO MUNDO
NO QUE SE CHAMA SUBMUNDO
LONGE DA TAL DE CIDADE
PERTO DE UM RIO IMENSO
AS VEZES EU MEDITO E PENSO
QUE LÁ EU TINHA FELICIDADE

AQUILO ERA UM BAITA DESERTO
NÃO TINHA GENTE POR PERTO
E O AR PERFUMADO E CHEIROSO
COM GOSTO DE LIBERDADE
HOJE AQUI NESTA CIDADE
O AR É INFECTO E PREGUIÇOSO

EU QUERIA ERA VER GENTE
PIAZOTE VERDE E INOCENTE
CAIR NAS MULTIDÕES
QUERIA ESTUDAR E SER DOUTOR
E SENTIR NO SANGUE O FULGOR
DAS ARMADÍLIAS E AMBIÇÕES

SER ALGUÉM NA VIDA
O ESTUDO ERA A SAÍDA
O CAMINHO PRA SE VENCER
QUEM SABE SER MILITAR
PRA QUE PUDESSE SE ORGULHAR
E VER UM DIA O SOL NASCER

A VIDA SELVAGEM DO PASSADO
É HOJE UM SONHO SONHADO
POR INCRÍVEL QUE PAREÇA
QUASE NEM FOTOGRAFIA EXISTE
MAS A LEMBRANÇA PERSISTE
COMO UM FILME QUE PASSA NA CABEÇA.

ESCRITO EM 09/03/2009 POR
VAINER DE PAVILA
http://waynnerdeavila.blogspot.com

domingo, 8 de março de 2009

A TAÇA DA
AMARGURA

ERGO A TAÇA DA AMARGURA
SOB O PENDÃO QUE FULGURA
NOS CONFINS DO MEU PAGO
AFOGANDO A TRISTEZA ESTONTEANTE
PELO FRACASSO RETUMBANTE
E ENTÃO EU BEBO MAIS UM TRAGO

PELO CAPITALISMO SELVAGEM
QUE NA TRISTE PASSAGEM
DA ECONOMIA MUNDIAL
IMPLODE IMPÉRIOS AO CHÃO
COMO FILME DE FICÇÃO
NA LUTA ENTRE O BEM E O MAL

FORTALEZAS ANIQUILADAS
POTÊNCIAS GLOBALIZADAS
E A VIDA CADA VEZ MAIS CARA
UM TERCEIRO MUNDO AFOITO
AS BARBAS DE MOLHO DO OITO
CADÊ VOCÊ CHEGUE VARA

TUDO INDO PRO FUNIL
LEVANTA Ó MEU BRASIL
DECOLA NO CANAVERAL
E APARECE NA BERLÍNDIA
CADÊ MANHATMAM DA ÍNDIA
VEM FLUIR A PAZ MUNDIAL

CHORA O TUBARÃO SUNTUOSO
PAGA O PECADO DOLOSO
POR INGULIR PEIXES PEQUENO
EUROPA E ESTADOS UNIDOS
SÃO GIGANTES COMBALIDOS
SE AFOGANDO NO PRÓPRIO VENENO

PINTA ESTA TRISTE AQUARELA
DE CINTURÕES DE FAVELA
QUE ASSOLA O MEU PAÍS
METADE DO POVO NO XADREZ
ONDE O POBRE NÃO TEM VEZ
ASSIM É IMPOSSÍVEL SER FELIZ.

ESCRITO EM 07/03/2009 POR
VAINER DE ÁVILA

sexta-feira, 6 de março de 2009

meu amor

do silêncio da minha imaginação
as batidas lentas do meu coração
dizen-me que estou voltando
esta saudade maldita
que de mansinho agita
a mente de quem saudade está passando

no silêncio da insignificância
que a maldita relutância
da dor de uma saudade
que insiste em machucar
de tanto a gente sonhar
com a tal felicidade

vem flor do meu jardim
tu metades de mim
aquecer-me com teu calor
invadir-me com calma
beija-me com a alma
minha raynha meu amor.

escrita em 06/09/2009 por
vainer de
ávila
MARCA-
ÇÃO

O VELHO PIALO DE CUCHARRA
QUE PÕE NAS GARRAS
E O BIXO PLANCHEIA NO CHÃO
E LÁ VEM A MARCA QUENTE
SAÍDA DA BRASA ARDENTE
COM AS INICIAIS DO PATRÃO

O CAVALEIRO PORTEIRA A FORA
É CHEGADA A HORA
DO ENTREVERO DAS ARMADAS
O PIALADOR BATE NO PEITO
SORVENDO O CHIMARRÃO BEM FEITO
AO RUMOR DAS PATACUADAS

A CANHA NO BORRACHÃO DE GUAMPA
LÁ NO RODEIO DO PAMPA
NA FARRA E NA ALEGRIA
O TAL DE PIALO É UM JOGO
E A CARNE ARDE NO FOGO
PRO CHURRASCO DO MEIO DIA

SOBRA ATÉ OSSO PRO CUSCO
E UMA RODADA DE TRUCO
PROS HOMENS E PROS PIAZOTES
E É A HORA DOS ASSOSSEGOS
SESTEANDO SOBRE OS PELEGOS
E COMO TRAVESSEIRO OS SIRIGOTES

À TARDE VOLTA O SALSEIRO
E LÁ VEM O TERNEIRO
PUXADO POR UM DE A CAVALO
E É AQUELE GUASCAÇO
TODO MUNDO MANDANDO O LAÇO
PRA CONTENDA DO PIALO

É A VELHA TRADIÇÃO
DO DIA DA MARCAÇÃO
NOS MEUS TEMPOS DE INFÂNCIA
GUARDO A HISTÓRIA NA EXÊNCIA
DOS COSTUMES DA QUERÊNCIA
A MARCAÇÃO LÁ NA ESTÂNCIA.

ESCRITO EM 05/03/2009 POR
VAINER DE ÁVILA

quarta-feira, 4 de março de 2009

AR DA MINHA
VIDA

QUERO ESTENDER A MINHA MÃO
PARA ACARICIAR TEU CORAÇÃO
NUM BEIJO APAIXONADAMENTE
E SENTIR O TEU CALOR
DEMONSTRANDO O GRANDE AMOR
QUE O MEU CORAÇÃO SENTE

VENHA CÁ MINHA PRIMEIRA DAMA
DIZER-ME AO OUVIDO QUE ME AMA
AQUEÇA-ME EM NOITES FRIAS
PORQUE ESTOU LOUCO DE SAUDADE
TE PROCURO PELA CIDADE
E NÃO TE ENCONTRO NAS CERCANIAS

QUERO TEUS BEIJOS EM MINHA BOCA
ACALMANDO A FÚRIA LOUCA
PROCURO E NÃO ENCONTRO UMA SAÍDA
VEM QUE EM MEUS BRAÇOS EU ME ATIRO
VOCÊ É O AR QUE EU RESPIRO
E TAMBÉM A RAZÃO DA MINHA VIDA.

ESCRITO EM 03/03/2009 POR
VAINER DE ÁVILA